Um
Natal na Ilha da Madeira
O Natal no meu tempo, há oitenta anos atrás. Pela festa
da Imaculada Conceição (8 de Dezembro) fazia-se o cuscuz, para lembrar a Festa.
Daí a oito dias matava-se o porco, revéspera de Festa faziam-se os bolos doces;
e na véspera de Festa, uma fornada de pão e um bolo de vasilha, que era a
alegria de todos porque comiam-se as iguarias mais preciosas que durante o ano
não havia. Na noite de Natal íamos á Missa do Galo. Deixava-se carne no forno
do pão com semilhas, quando se chegava, o pai chamava para almoçar, ainda era
escuro e comia-se à luz do petróleo. O jantar era ao meio-dia e comia-se caldo
de galinha, arroz, carne de porco, vinho e pão de casa; à tarde havia o bolo
doce, à noite o resto do caldo, pão com manteiga e chá. Os pais não davam
presentes aos filhos, não era costume, nem havia dinheiro para isso… era a
foice, a enxada, uma corda e botas de água para trabalhar na terra. Brincávamos
ao pião, à corda e faziam-se joeiras e balões em papel para deitar pelas
oitavas. Juntavam-se todos vizinhos, grandes e pequenos, para deitar estas
fantasias ao vento. Era uma alegria chegar ao Natal vivia-mos com outra
alegria, pois nesta época é que se vivia tudo… O bom comer, a alegria do fruto
do trabalho. Eram outros tempos, mas felizes…
Texto retirado do documento: MEMÓRIAS COM HISTÓRIA de Conceção, Projeto e Coordenação: Direção
Regional de Educação Direção de Serviços de Educação Pré-Escolar e Ensino
Básico, (alunos e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico Recorrente), ano
2012
Cantigas de Santo Amaro Santo Amaro já é velho De velho caiu-lhe os dentes Bem feito pró Santo Amaro Não comer as papas quentes. Santo Amaro já é velho Já não come senão milho Puxa as calcinhas pró ar Amarradas c’um atilho. Vou cantar o Santo Amaro Pela folhinha das giestas Vou perguntar às messias Se passaram bem as festas. Vou cantar o Santo Amaro Com uma dor no coração Não vou abrir a porta às messias Não sei as messias quem são. 163 Vou cantar o Santo Amaro Pela folhinha da vinha Abra-me as portas pra dentro Hoje é dia de rapar a lapinha. Vou cantar o Santo Amaro Pela folhinha da faia Abra-me as portas pra dentro Sou mulher e visto saia. Vou cantar o Santo Amaro Pela folhinha do trevo Abra-me as portas pra dentro Que é de noite e tenho medo. Vou cantar o Santo Amaro Pela folhinha da semilha Abra-me as portas pra dentro Que a gente somos família. Vou cantar o Santo Amaro Mandado desta gente Abro as portas às messias Vou beber aguardente. - Abri-nos as portas Afastai os bancos Que aqui vem o Santo Amaro De cabelos brancos.
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