Origem da Lenda de São Martinho
São Martinho, ou Martinho de
Tours, nasceu em cerca de 316 na antiga cidade de Savaria na Panónia,
uma antiga província na fronteira do Império Romano, na atual Hungria. Filho de
um comandante romano, cresceu na região de Pavia, em Itália, no seio de uma
família pagã. Criado para seguir a carreira militar, foi convocado para o
exército romano quando tinha quinze anos, viajando por todo o Império Romano do
Ocidente.
Apesar de ter
recebido uma educação pagã, foi em adolescente que Martinho descobriu o Cristianismo.
Mas foi só mais tarde, em 356, depois de ter abandonado o exército que foi
batizado. Tornou-se discípulo de Santo Hilário, bispo de Poitiers (na zona
oeste da atual França), que o ordenou diácono e presbítero, regressando de
seguida a Panónia, onde converteu a mãe. Mudou-se depois para Milão, de onde
terá sido expulso juntamente com Santo Hilário. Isolado, terá passado algum
tempo na ilha da Galinária, ao largo da costa italiana.
De volta à Gália,
foi perto de Poitiers que fundou o mais antigo mosteiro conhecido na Europa, na
região de Ligugé. Conhecido pelos seus milagres, o santo atraía multidões. Foi
ordenado bispo de Tours em 371 e fundou o mosteiro de Marmoutier, na margem do
rio Loire, onde vivia na reclusão. Pregador incansável, foi também o fundador
das primeiras igrejas rurais na região da Gália, onde atendia tanto ricos como
pobres. Morreu a oito de novembro de 397, em Candes, e foi sepultado a onze de
novembro em Tours, local de intensa peregrinação desde o século V.
É na data do seu
enterro, três dias depois de ter morrido em Candes, que se comemora o dia que
lhe é dedicado. Acredita-se que, na véspera e no dia das comemorações, o tempo
melhora e o sol aparece. O acontecimento é conhecido pelo “verão de São Martinho”
e é muitas vezes associado à conhecida lenda de São Martinho.
A lenda de São
Martinho
Num dia frio e
chuvoso de inverno, Martinho seguia montado a cavalo quando encontrou um
mendigo. Vendo o pedinte a tremer de frio e sem nada que lhe pudesse dar, pegou
na espada e cortou o manto ao meio, cobrindo-o com uma das partes. Mais à
frente, voltou a encontrar outro mendigo, com quem partilhou a outra metade da
capa. Sem nada que o protegesse do frio, Martinho continuou viagem. Diz a lenda
que, nesse momento, as nuvens negras desapareceram e o sol surgiu. O bom
tempo prolongou-se por três dias.
Na noite seguinte,
Cristo apareceu a Martinho num sonho. Usando o manto do mendigo, voltou-se para
a multidão de anjos que o acompanhavam e disse em voz alta: “Martinho, ainda
catecúmeno [que não foi batizado], cobriu-me com esta veste”.
As tradições do
dia de São Martinho
O dia de São
Martinho é festejado um pouco por toda a Europa, mas as celebrações variam de
país para país. Em Portugal é tradição fazer-se um grande magusto, beber-se
água-pé e jeropiga. Esta é também uma altura em que se prova o novo vinho. Como
diz o ditado popular, “no dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”.
De acordo com
alguns autores, como José Leite de Vasconcelos e Ernesto Veiga de Oliveira, a
realização dos magustos remonta a uma antiga tradição de comemoração do Dia de
Todos os Santos, onde se acendiam fogueiras e se assavam castanhas. Em outros
países, como na Alemanha, acendem-se fogueiras e fazem-se procissões, e em
Espanha matam-se porcos, tradição que deu origem ao ditado popular “a cada
cerdo le llega su San Martín” (“cada porco tem o seu São Martinho”). Também no
Reino Unido existe a expressão “verão de São Martinho” que, apesar de já raramente
utilizada, está também ligada com a crença de que o tempo melhora nos dias que
antecedem o feriado.
(Fonte: OBSERVADOR
- documento online)
Em Portugal –
curiosidade
S. Martinho do Porto
É uma vila calma, junto de uma baía, também
calma, em forma de concha no centro do nosso país, no verão há muitas tendas de
praia para descansar na sombra.
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